Dário Vidal e Alberto D'Assumpção
DÁRIO VIDAL "Mundos e Utopias"
Utopia é o projecto de um mundo desejado e, até certo ponto, possível. Produto da imaginação e do desejo, da revolta e do inconformismo, da experiência dolorosa e da inventiva sonhadora, a mentalidade utópica é própria de todas as idades do Mundo. De um modo geral o termo “utopia” tem assumido um sentido pejorativo, designando o sonho irrealizável de uma sociedade perfeita concebido por uma imaginação excessivamente idealista.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
DÁRIO VIDAL – O fascínio da Criação
DÁRIO VIDAL – O fascínio da Criação
Falar sobre a obra do pintor Dário Vidal não é fácil para mim, porque a grande amizade e admiração que nos liga pode condicionar uma análise objetiva e isenta do seu processo criativo. No entanto impõe-se uma reflexão em torno do seu tão coerente como variado percurso criativo.
Tivemos a felicidade de sermos apresentados por uma grande amiga e colecionadora da melhor arte contemporânea, portuguesa e europeia. Nasceu aí uma amizade que nos tem permitido acompanhar a evolução da obra de cada um ao longo das últimas 2 décadas.
Uma nota curiosa que me chamou logo a atenção, a par da sua beleza cromática e do seu rigor técnico, foi que o Dário pinta por séries, deleitando-se no exercício criativo obra após obra após obra, deixando um registo bem documentado do seu fascínio pela arte e arrancando ao seu arquivo de memórias toda a carga imagética e simbólica que constitui o seu universo plástico.
Permitam-me que me detenha por um momento na reflexão sobre o sentido deste termo “simbólico”, que é bastante pertinente para a compreensão da pintura do Dário Vidal.
A palavra “SIMBOLO”, dizem os entendidos, revela variações de sentido bastante consideráveis e pode ser comumente confundida com todo um outro conjunto de imagens que lhe esbatem o sentido. Entre estas encontramos 3 particularmente significativas: o “emblema” – figura visível adotada convencionalmente para representar uma ideia, um ser físico ou moral; o “atributo” – imagem ou realidade que serve de sinal distintivo de uma personagem, de uma coletividade ou de um ser moral; a “alegoria” – figuração de uma proeza, duma situação, duma virtude, dum ser abstrato. No dizer de Henry Corbin, “é uma operação racional que não implica a passagem nem a um novo plano do ser nem a uma nova profundidade de consciência. Estas 3 formas de expressão têm em comum o facto de serem SIGNOS e não ultrapassarem o nível da significação.
Ora é precisamente o anúncio de um outro plano de consciência diferente da evidência racional o que distingue o símbolo dos diversos signos. Ele possui, segundo Gilbert Durand, “um poder essencial e espontâneo de ressonância”. Ele é muito mais que um signo – está carregado de afetividade e dinamismo: pressupõe uma rutura de plano, uma descontinuidade, uma passagem a uma outra ordem. Introduz numa ordem nova de múltiplas dimensões. É por isso que a arte, a verdadeira arte, evita o signo e alimenta o símbolo!
A construção de uma obra plástica por séries, no pintor Dário Vidal, ilustra bem o percurso meditativo que guia o artista no seu amadurecimento interior e que o conduz do signo ao símbolo. Vi surgir, ao longo destas 2 décadas, séries como: “Memórias”, “Janelas e Frutos”, essa série lindíssima “Desde D. Afonso Henriques”, propositadamente composta para uma exposição no Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, “As Árvores”, com todo o seu simbolismo mítico associado e que constituem verdadeiras explosões de cor, “Sonhos e Memórias”, o filme onírico de uma autobiografia afetiva, cultural, estilística, como refere Artur Portela no catálogo da exposição, e agora, na galeria Vieira Portuense, “Mundos e Utopias”, culminando este crescendo de maturidade estética que introduz o artista num novo plano: o dos mitos e arquétipos. Se o símbolo arquetípico tem a força de religar o universal e o individual, é no mito que o artista realiza a sua verdadeira transformação. Ele – o mito – constitui, segundo Mircea Eliade, “o modelo arquetípico para todas as criações, seja qual for o plano em que se desenvolvam: biológico, psicológico, espiritual”. Aparece, assim, o mito, como um teatro simbólico de lutas interiores e exteriores que o homem trava no caminho da sua evolução, à conquista da sua personalidade.
Se a cor, como dizia, nos atrai o olhar, é sobretudo com a sua enorme capacidade como contador de histórias que o Dário Vidal nos prende. A sua obra faz-nos sentir a saudade da infância, o fascínio do sótão com os seus mistérios e segredos, ou a alegria da liberdade conquistada. E são registos da memória construídos sobre o palco da vida que desfilam perante os nossos olhos, num espetáculo único de beleza e mistério.
Mas não se esgota por aí o manancial de surpresa que o artista nos reserva: como criança deslumbrada ante a beleza do olhar, o artista não teme a experimentação constante. E eis que o vemos fazer incursões pela fotografia, pela colagem, pela cerâmica, escultura e instalação… e mais ainda, aonde nos leve a sua ambição criadora.
Certo de que a riqueza de uma obra não se esgota na sua interpretação, convido-vos a olhar com o silêncio do coração e deixarmo-nos conduzir pelo universo da pintura de Dário Vidal.
Guimarães, Janeiro de 2012
Alberto D’Assumpção
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
terça-feira, 5 de julho de 2011
Subscrever:
Mensagens (Atom)